"Flechas, Folhas, Pássaros: Caminhos na Educação" é resultado da primeira edição do Laboratório de Publicações Educativas da Oficina Francisco Brennand. O livro busca não apenas documentar, mas também celebrar as experiências, reflexões e vozes dos docentes, tendo na publicação uma plataforma para explorar as vivências na área educacional com uma visão territorial originária. A iniciativa visa impulsionar métodos educativos inovadores, promovendo diálogos entre educação e cultura, sendo um instrumento de reflexão profunda para os professores da Região Metropolitana do Recife.

Para a criação do volume, durante cinco semanas, os professores Camila Santiago, Carlos Avelar, Eliane Duarte, Gabriela Monteiro, Geisiane Paula, Givanilson Soares, Hilson Olegário, Maria da Conceição Freitas, Tatiana Sarmento e Teresa França participaram de encontros, diálogos e pesquisas, mediados pelas consultoras pedagógicas Bia Lima e Camila Storck, em parceria com a coordenadora Editorial do projeto, Priscila Gonzaga.

Mãos se uniram nesse processo para criar uma publicação originada da exposição "Invenção dos Reinos", em cartaz no espaço Accademia, onde a poética de Francisco Brennand entra em comunhão com artistas envolvidos em cosmologias pretas e indígenas, integrando práticas educativas ao universo artístico. Compõem a exposição ao lado de Francisco Brennand, Abelardo da Hora, Abiniel Nascimento, Adailton de Dedé, AORUAURA, Bezinho Kambiwá, Bozó Bacamarte, Clara Moreira, Daiara Tukano, Diogum, Fakhô Fulni-ô, Francisco Graciano, Fykyá Pankararu, Geraldo Dantas, Helcir Almeida, Ianah Maia, Irís e Iara Campos, Jaider Esbell, José Cláudio, Lidia Lisbôa, Luiz Marcelo, Elson e Mestre Gerar, Nádia Taquary, Paulo Apodonepá, Rafaela Kennedy, Rayo, Reginaldo de Mestre Quebra Pedra, Thiago Costa, Tiganá Santana e Zé Crente.

Explorando questões como racismo ambiental, a importância da alfabetização para pessoas socialmente marginalizadas, educação escolar quilombola, entre outros temas, os capítulos partem do olhar cuidadoso de quem lida com as diferentes realidades dentro dos espaços educacionais de Pernambuco. A partir das experiências pessoais e do olhar sobre o ambiente de trabalho, os professores-autores traçam uma oportunidade de iniciar um diálogo, por meio da reflexão, sobre a estruturação social e educacional do Brasil, construída em cima de estratégias de apagamento de pontos de vistas plurais sobre as diferentes vivências do povo brasileiro. A publicação é distribuída de forma física (impressa e encadernada como livro) na Oficina Francisco Brennand e também está disponível em versão online:


O Laboratório

Ao criar esse material, a Oficina compartilha as etapas da produção de um livro com os educadores, desde escolhas editoriais até visuais. O Laboratório de Publicações uniu forças com professores do campo, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de comunidades quilombolas e indígenas, explorando temas como “O Arco e Flecha”, “O Pássaro e a Serpente” e “O Ovo e a Árvore da Vida”, fomentando projetos educativos inovadores.

Sendo um convite à autonomia pedagógica, essa publicação, forjada por educadores para educadores, não expressa apenas saberes acadêmicos, mas também a vivência cotidiana de professores imersos nas complexidades das salas de aula. É um manifesto enraizado na prática diária, um testemunho do pulsar das relações entre educador e educando que transcende as formalidades curriculares.

“O laboratório tem uma ideia de continuidade e não se finda nesta experimentação de 2023. É um lugar no qual temos um processo também de investigação com os professores, em uma descoberta editorial e também de curadoria, porque eles vão escolher exatamente aquilo que vão falar, criando elementos de importância. A gente tinha a exposição enquanto um dispositivo inicial, como uma pergunta inicial, mas a publicação é autônoma a exposição. Ela circunda a discussão relacionada ao território na perspectiva da matriz indígena e africana, mas ao mesmo tempo os professores tiveram total liberdade de escolha para ampliar essa escrita a partir de sua própria prática, sendo muito importante trazer as diferenças” afirma Ariana Nuala, gerente de Educação e Pesquisa da Oficina Francisco Brennand.