On-Line / De 30 de julho a 30 de agosto de 2024
1 Masterclass
3 Cursos
O projeto Círculo de Aulas tem como intuito incentivar a pesquisa e o diálogo crítico entre pessoas interessadas em estética, história, filosofia e sociologia da arte. O Círculo de Aulas foi criado considerando uma constelação de profissionais que possam estar conosco numa revisão sobre as artes, seus desdobramentos e capilaridades, incluindo também outros saberes.
A escolha dos cursos que compõem o projeto é direcionada para questões contemporâneas que se conectam às pautas de reverberação social e cultural. Orientados por questões geradoras que versam sobre as relações entre humanos e não humanos, práticas coletivas, fabulações e invenções de mundos, o projeto será desenvolvido entre os meses de Julho e Agosto de 2024.
PROGRAMAÇÃO:
MASTERCLASS
COMO OS SONHOS PODEM FIGURAR COMO SUBSÍDIOS NA COMPREENSÃO DE OUTROS MUNDOS E NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS?
com Hanna Limulja
Aula disponível no Youtube neste link
De 13 a 15 de agosto, das 19h às 22h:
CURSO ON-LINE
ZOONAÇÕES OU TÁTICAS COSMOPOLÍTICAS DE ADAPTAÇÃO E SUBVERSÃO URBANA
com Juliana Fausto
De 20 a 22 de agosto, das 19h às 22h:
CURSO ON-LINE
A ARTE DO (RE)CONHECIMENTO DA AMAZÔNIA NEGRA: COMO (RE)CONHECER UM TERRITÓRIO EM MEIO ÀS NOMEAÇÕES OBLITERANTES?
com Marcela Bonfim
De 27 a 30 de agosto, das 19h às 22h:
CURSO ON-LINE
PRÁTICAS DESOBEDIENTES EM CURADORIA E EXPOGRAFIA A PARTIR DA ARQUITETURA, CULTURA E ARTE AFRO BRASILEIRAS
com Gabriela de Matos
CONTEÚDOS E CONVIDADAS:
MASTERCLASS - Como os sonhos podem figurar como subsídios na compreensão de outros mundos e construção de novos?
Sobre a masterclass: A partir do modo como os Yanomami concebem o sonho é possível vislumbrar outras maneiras de se relacionar com o outro e com o cosmos. A partir desta perspectiva buscaremos apresentar elementos que ajudem na compreensão dessas outras formas de pensar e compor o mundo.
Quem: Hanna Limulja é antropóloga, indigenista e professora no curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Insikiran da Universidade Federal de Roraima. Trabalha com os Yanomami desde 2008, tendo atuado em ONGs no Brasil e no exterior, como Comissão Pró-Yanomami (CCPY), Instituto Socioambiental (ISA), Wataniba e Survival International. É autora do livro O Desejo dos Outros — Uma Etnografia dos Sonhos Yanomami (2022), fruto de sua tese de doutorado (UFSC) e do livro infantil Mari hi – a árvore dos sonhos (2023), ambos lançados pela editora Ubu.
CURSO - Zoonações ou táticas cosmopolíticas de adaptação e subversão urbana
Sobre o módulo: O curso pretende explorar a questão das cidades e sua habitabilidade no Antropoceno desde uma perspectiva multiespécies. No primeiro dia, estudaremos a composição da cidade moderna, baseada na exclusão sistemática e sempre renovada dos animais outros-que-humanos. Dirigiremos nossa atenção para a situação atual dos animais errantes (tais como gatos e cães que vivem nas ruas) e sinantrópicos (como pombos, ratos e baratas), enfatizando suas diferentes estratégias e posições nas relações com humanos. O segundo dia será dedicado ao estudo de grupamentos animais outros-que-humanos, com foco em populações e ecossistemas, a fim de delinear conceitos e noções animais de ocupação, território e propriedade, bem como de parentesco. Em outras palavras, tratar-se-á de, em pensamento, visitar “cidades animais” – de formigueiros quilométricos a pequenas reservas de megafauna – para conhecer processos de mundificação mais-que-humana, “provincializando”, assim, o caso H. sapiens de modo que sua contingência seja experimentada como força impulsionadora de novas formas de coabitação intra e interespecíficas. Finalmente, no terceiro encontro focaremos em projetos de zoonações experimentais – não no sentido de nações animais mas da ação de zo(o)n(e)ar, isto é, de animalizar uma zona –e especularemos a respeito das mutações, ressurgimentos e invenções dos que herdarão o Antropoceno como espaço e casa.
O curso propõe uma abordagem interdisciplinar, combinando filosofia, literatura, ecologia, cinema e estudos urbanos.
Aula 1: Arquitetura da exclusão ou as entranhas da cidade
Aula 2: Cidades animais: ocupações noéticas e sensoriais
Aula 3: Minimanual da zoonação
Quem: Juliana Fausto é “uma confederação multicelular, eucariótica, bilateralmente simétrica, um peixe, em suma”. Autora de A cosmopolítica dos animais (n-1 edições, 2020), tem bacharelado em filosofia pela UFRJ, mestrado em letras pela PUC-Rio e doutorado em filosofia pela mesma universidade. Entre 2017 e 2022 fez pós-doutorado em filosofia no Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFPR com bolsa PNPD/CAPES. Realizou, com Darks Miranda, o curta A cosmopolítica dos animais. Trabalha com questões relacionadas a estudos animais, ecofeminismos, ecologias queer e a catástrofe socioambiental conhecida como Antropoceno. Nos últimos anos, vem participando de projetos em colaboração com artistas tais como Daniel Steegmann-Mangrané, Maya Da-Rin, Darks Miranda e Ana Vaz, entre outros, em diferentes interfaces.
CURSO - A arte do (re)conhecimento da Amazônia Negra: como (re)conhecer um território em meio às nomeações obliterantes?
Sobre o módulo: O curso trata do poder da imagem ressignificando aspectos da oralidade como instrumento da memória para o encontro pessoal, além de abordar a importância do cotidiano de uma Amazônia enegrecida muito evidente à ancestralidade dos corpos, mesmo que dispersos, mas disponíveis ao (re)conhecimento de suas nuances, história e ressignificação.
Detalhamento do módulo
Aula 1 - Formações imagéticas à sombra de um imaginário colonial
O objetivo da aula é abordar o percurso de deslocamento do imaginário na experiência de um corpo negro ao sair o centro rumo à margem e todo o aspecto que abrange a relação entre ideia/lugar.
Aula 2 - Formações imagéticas à sombra das imagens da cor negra
O objetivo da aula é refletir as imagens (in)visíveis que ainda residem no imaginário social e histórico a partir das experiências de um corpo negro em processo de (re)conhecimento de sua negritude.
Aula 3 - A Amazônia negra e a imagem vital
O objetivo da aula é despertar para as relações importantes sobre as camadas dos estigmas e sujeições implantadas ao corpo negro e as possíveis ressignificações às nomeações obliterantes.
Quem: Marcela Bonfim é fotógrafa, paulistana da cidade de Jaú, 38 anos, hoje reconhecida como mulher negra e moradora na cidade de Porto Velho, em Rondônia há 11 anos. Formada em economia pela PUC-SP e militante pela causa das populações negras e povos tradicionais. Em seu trabalho ela aborda a questão: quanto tempo demora, o negro, para se firmar nesse mundo (in)visível?
CURSO - Práticas desobedientes em curadoria e expografia a partir da arquitetura, cultura e arte afro brasileiras
Sobre o módulo: Neste curso, Gabriela de Matos propõe uma imersão nas práticas de curadoria e expografia, destacando a importância das pesquisas que fundamentam seus projetos. Através de uma abordagem interseccional, os participantes serão convidados a explorar como as linguagens teórica e prática se entrelaçam, promovendo debates sobre arquitetura, cultura e arte afro-brasileiras. A proposta é abrir um diálogo sobre novas perspectivas que desafiam os cânones eurocêntricos, enfatizando a relevância das manifestações artísticas e arquitetônicas como fenômenos culturais, essenciais para a compreensão das questões contemporâneas.
Em três aulas abordaremos temas cruciais, começando pela pesquisa e engajamento comunitário, onde será discutida a importância da participação ativa na curadoria. Em seguida, os alunos explorarão as lacunas da história arquitetônica brasileira, integrando perspectivas afro-brasileiras para uma prática mais inclusiva. Por fim, a interseção entre design, arte, arquitetura e ecologia será analisada, refletindo sobre como traduzir anos de pesquisa em expressões artísticas concretas. O curso visa não apenas inspirar, mas também capacitar os participantes a desenvolverem projetos que criem contra-narrativas, dando voz a histórias e questões frequentemente marginalizadas.
Detalhamento do módulo
Aula 1: Pesquisa, Coletividade e Engajamento Comunitário
Nesta aula, discutiremos a importância da pesquisa, do engajamento comunitário e a aplicação prática do conhecimento. Com base na minha experiência, abordaremos como equilibrar o aprofundamento teórico com a participação ativa, garantindo que os projetos de curadoria e expografia não apenas apresentem a pesquisa mas também envolvam e beneficiem a comunidade.
Aula 2: Conceitos e Perspectivas Culturais Afro-Brasileiras
Exploraremos a prática arquitetônica curatorial, destacando a necessidade de preencher as lacunas da história arquitetônica tradicional no Brasil. Além disso, discutiremos a integração das perspectivas culturais afro-brasileiras na produção do espaço arquitetônico, uma abordagem necessária no discurso global atual sobre práticas de design inclusivas e sustentáveis.
Aula 3: Interseção de Design, Arte, Arquitetura e Ecologia
Nesta aula, mergulharemos na intersecção entre design, arquitetura e ecologia. Essa abordagem ressoa com meu trabalho curatorial e a experiência para o pavilhão do Brasil na 18 Bienal de Arquitetura de Veneza. Por fim, abordaremos como traduzir anos de pesquisa conceitual em expressões artísticas tangíveis. Espero que este curso inspire e capacite os participantes a desenvolverem projetos curatoriais e expográficos que colaborem com a criação de contra narrativas que abordam a nossa história e cultura a partir de vozes inviabilizadas historicamente e com questões contemporâneas urgentes.
Quem: Gabriela de Matos é arquiteta, urbanista e pesquisadora, co curadora do Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza 2023, onde recebeu o Leão de Ouro. Fundadora do projeto Arquitetas Negras, pesquisa arquitetura contemporânea produzida em África e sua diáspora com foco na arquitetura afro-brasileira pelas lentes de raça e gênero. É CEO do Estúdio de Arquitetura Gabriela de Matos onde desenvolve projetos em diversas escalas, inclusive expografias em instituições como IMS - SP, MAM - SP, Itau Cultural - SP, MAR - RJ entre outras.