Com base nos eixos "natureza", "cosmologias" e "território", norteadores dos trabalhos desenvolvidos na instituição em 2021, a Oficina Francisco Brennand promoveu uma residência voltada à educação, sob coordenação de Gleyce Kelly Heitor. Foram abordadas diversas formas, métodos e espaços de se fazerem práticas educativas, o que se refletiu também no amplo leque de pessoas educadoras selecionadas como residentes.
Intitulado Processos de Criação em Educação, o projeto teve início em julho e se estendeu até novembro de 2021, com o objetivo de iniciar a instauração de um programa de educação da instituição. A iniciativa deu origem à Diretoria de Educação e Pesquisa da Oficina Francisco Brennand.
A residência contou com seis participantes: Caetano Costa, Dayanna Louise, Henrique Falcão, Nayara Passos, Opkrieka Juruna Karaxuwanassu e Raquel Araújo. Os projetos foram executados no museu, na mata e na cidade, a partir do entendimento do espaço museal para além dos muros. Os compartilhamentos e trocas permitiram ao grupo unir ideias e desenvolver trabalhos coletivamente.
Foram formados três núcleos. Nayara Passos e Dayanna Louise elaboraram o projeto Encruzilhar: Encontro Formativo em Cinema, Educação e Memória, que trouxe à tona as relações entre arte, educação e audiovisual. Henrique Falcão, Opkrieka Juruna e Raquel Araújo desenvolveram a Jornada Malunguinho e Filipe Camarão por Educações Afro-indígenas, que contribuiu com o conceito de educação territorializada e relações étnico-raciais. Caetano Costa propôs o tema Brennand na Rua, projeto audiovisual que relacionou obras do artista com a paisagem do Recife.
Com encontros remotos e presenciais, entre fundamentos teóricos, laboratórios de projeto e jornada de desenvolvimento, a residência trouxe ainda convidados especiais para colaborar com os processos formativos. Nomes como Sandra Benites, Luiz Rufino, José Eduardo Ferreira Santos e Vera Baroni estiveram presentes e participaram de debates sobre território, pedagogia, corpo, memória, espiritualidade, entre outras temáticas.
Sob mediação do Grupo Cultural Boi da Mata, os residentes fizeram também uma trilha ecopedagógica pelas matas que circundam o museu, até a cachoeira da UR-7. Além disso, visitaram pontos de relevância na articulação comunitária do bairro, como a Feira Agroecológica da Várzea e uma ocupação de moradia popular, com aprofundamento do debate sobre território.